AS HISTÓRIAS
Vento dos Outros
A História da Estória
Tinha acabado o curso de Direito em 2004, na rígida Faculdade de Direito de Lisboa, e prometi a mim mesma, depois de o finalizar, fugir para longe, correr mundo, esquecer tudo o que aprendera num curso onde não me revira
(mea culpa).
Com a mochila às costas e bilhete só de ida para a Costa Rica, na altura contava 24 anos viajei com a curiosidade aguçada ao máximo. Depois deste país, onde encontrei alguns amigos, apanhei um avião para o Peru. Daí fui descendo, quase sempre sozinha, por essa “América Maiúscula” pelo Chile, Argentina, voltando depois pelo Sul do Brasil. Foram muitos meses de deambulação fascinante, vivendo o tal realismo mágico que dali provém, sempre anotando no meu caderno as intensas e inesperadas aventuras a que eu tão espontaneamente fui aderindo.
Quando regressei a Portugal senti que devia escrever o relato desta viagem, e “O Vento dos Outros” marcar-me-ia para sempre. Seria o meu primeiro livro e também o momento em que decidi ser escritora, assinando um contrato comigo própria... a vigorar até aos dias que correm.
A Casa-Comboio
A História da Estória
Quando em 2001, uma grande amiga me perguntou: Vou à Índia, queres vir comigo?, não poderia imaginar que lá voltaria muitas vezes. A Índia tornou-se uma espécie de ritual que ao longo dos anos me ia demonstrando quem eu era e em quem me estava a transformar.
A Índia, na sua condição de surreal funcionava como um espelho bem real.
Tudo começou quando conheci as raízes damanenses desta minha amiga e a certeza de que a história da sua família daria um grande romance histórico.
Mas isso alguém havia de o fazer, que pena se ninguém o fizesse, pensava eu...
Alguns anos depois apercebi-me de que me cabia aceitar esse desafio, afinal.
Já havia publicado os meus dois primeiros livros e só agora me sentia confiante a experimentar o romance, o reino mais difícil de alcançar, julgava (e assim continuo a achar). Voei de novo para lá, enfiei-me em bibliotecas e arquivos, entrevistei mais algumas pessoas, finalmente senti-me pronta.
Quando terminei A Casa-Comboio, coincidindo com uma altura particularmente difícil da minha vida, entreguei-o em mão no Casino do Estoril, candidatando-o ao Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís.
Esqueci-o, evidentemente. Até receber uma das melhores notícias da minha vida.
Coração-Castelo
A História da Estória
O Japão é dos sítios neste mundo com mais intrigas para desvendar. Numa primeira viagem, em 2017, deixei-me fascinar por essa trama evidente no rosto de cada japonês, patente na cultura, mas ficando-me só pelo centro do país.
Na segunda viagem já me aventurei para o Sul, aos confins do arquipélago que se vai espaçando em ilhas remotas. Como sempre, enleei-me na História e rapidamente fui parar aos enormes pontos de contacto Ocidente-Oriente inaugurados pelos navegantes portugueses, depois missionários e comerciantes.
É uma saga que começa com este Coração-Castelo, e tenciono que prossiga.
Pés na Terra
A História da Estória
Ao longo dos anos começaram-se a entrelaçar a mulher que sou, a escritora e a viajante. Muitas histórias em viagem não contei a ninguém por falta de maturidade.
O terreno narrativo é sempre um campo fértil para a generosidade e para isso é necessária a coragem de nos confessarmos.
Este livro é uma compilação de aventuras, reflexões e peripécias ao longo de 26 anos de viagens que decidi partilhar, grata pelo que o mundo já me deu.
Possam os vossos olhos ver o que os meus olhos viram.
A Infanta Rebelde
A História da Estória
Jorge Telles de Meneses, um dos maiores poetas de Sintra, fez questão de me apresentar uma amiga.
Quando naquela tarde conheci a Filipa e ela me falou do percurso extraordinário da sua mãe, sabia que a vida me tinha enviado um desses privilégios que raramente se repetem.
Conheci D. Maria Adelaide de Bragança sentada numa poltrona a ler, na biblioteca da casa da sua filha, em Beja, e o nosso pacto ficou firmado em menos de quinze minutos. Podia confiar em mim, eu escreveria a sua biografia com toda a dedicação.