AS OBRAS
A Casa-Comboio
Romance vencedor do prémio Agustina Bessa-Luís em 2009
1ª edição: 2010
10ª edição: 2023
A saga de uma família indo-portuguesa ao longo de mais de um século.
Honorato, Rudolfo, Baltazar e Clara, quatro gerações da mesma família, são os fios que ligam a saga fascinante dos Carcomo ao longo de mais de um século. Habitando uma espécie de casa-comboio, a sua história - que começa em Nagar-Aveli e termina em Lisboa - baseia-se na de uma família verdadeira.
A Casa-Comboio - um romance histórico poético sobre uma cultura riquíssima e cativante, recheado de investigação preciosa - é também uma homenagem à valentia dos homens e mulheres comuns.
“Com uma notável capacidade de efabulação, a autora que tem a Índia como destino repetido, abre-nos a janela sobre o modus vivendi de tantos indo-portugueses - quer a experiência feliz, quer a traumática, em territórios como Goa, Damão e Diu, outrora sob o domínio da Coroa e do Estado portugueses e hoje bastante esquecidos.”
Palavras do editor
"A Autora soube intuir o modo como muita coisa era vivida e sentida naquela Índia que, até 1961, era dita “portuguesa”, numa cadeia transgeracional que vem desde finais do século XIX até praticamente aos nossos dias. (...) Em A Casa-Comboio, de algum modo, assistimos também a uma história da nossa própria família lusitana, assim pelo mundo em pedaços repartida...”.
Vasco Graça Moura
Coração-Castelo
Este é um extraordinário romance sobre um episódio real, que foi finalista do Prémio LeYa em 2023
Japão, 1637.
Com a proibição de professar o cristianismo e a imposição de avultados tributos à população, cerca de 35 000 camponeses liderados por um general-menino com reputação de fazer milagres, invadiram várias fortalezas governamentais e acabaram por se refugiar na ruína do Castelo de Hara.
Reconstroem-no em conjunto para resistir, ao longo de vários meses, à resposta do xogum – um cerco implacável levado a cabo pelas suas tropas.
Entre os que lutam contra a tirania, encontram-se Jana e o seu filho pequeno, bem como o ronin Haru – samurai renegado e agora ao serviço do seu povo.
Apesar do ódio que inicialmente nutrem um pelo outro, Haru não consegue ficar indiferente a essa mulher que carrega um mistério e sabe pegar em armas, nem ao ciúme que lhe provoca a relação dela com o missionário Clarimundo, um dos poucos portugueses que ainda não deixaram o Japão.
Mas são forçados a lutar em conjunto e, no caos que só a guerra poderia causar, os sentimentos entre estas três personagens vão exacerbar-se. Tal como no final do cerco, não existirá redenção, só a grande busca da liberdade. E a certeza de que há vida enquanto houver amor.
Mar Humano
"Só tu podes contar a tua história".
Mar Humano parte da ligação turbulenta entre duas pessoas e penetra em temas como a longevidade da vida humana, como conseguir lidar com sentimentos avassaladores, a luta pela liberdade de expressão e o impacto da ciência na evolução da consciência.
Ema e Samuel são os protagonistas desta história de desencontros numa época tão marcante como foi o Estado Novo.
Amam-se mas parecem caminhar sempre numa estrada paralela que demora em se cruzar. Amor e amizade surgem associados a uma crítica social ao mesmo tempo que se mostra um amor por Portugal que quebra, aos seus próprios cidadãos, os seus corações.
Esta é uma história onde a liberdade é recuperada sem nunca ter sido realmente perdida.
O final, talvez o maior trunfo deste livro, consegue surpreender os mais atentos leitores.
As Noivas do Sultão
Um romance fascinante que tem por base um incidente diplomático entre Portugal e Marrocos
É como ler um segredo num tom de confidência. As preocupações dos personagens são rapidamente as dos leitores que se vêm envolvidos na narrativa da História e do Mito.
Em 1793, Marrocos encontrava-se em guerra. Abdessalam, o filho designado pelo imperador para o suceder, ordenou família real e às concubinas que saíssem de Casablanca. A viagem até Rabat não deveria demorar mais do que dois ou três dias, mas uma tempestade arrastou as embarcações para o Atlântico. Depois de quase perecer num naufrágio, a comitiva marroquina chegou à ilha da Madeira e depois aos Açores. Nesta ilha, foi obrigada a aceitar a ajuda de experientes marinheiros portugueses que a guiou até Lisboa, onde chegou bastante debilitada. Na capital do reino, mandatado pela rainha D. Maria I, Frei João de Sousa, um prestigiado arabista, mediou os encontros diplomáticos, tornando-se o homem que mais privou com as princesas marroquinas.
Mas a presença da inusitada comitiva estendeu-se por mais tempo do que o esperado e dentro do grupo de concubinas nem todas pareciam querer voltar a Marrocos.
As Noivas do Sultão relata um incidente diplomático que decorreu em Lisboa no final do século XVIII, dado que ninguém podia ver as mulheres, esposas, concubinas e criadas do Imperador de Marrocos, Frei de Sousa tem à sua responsabilidade uma tarefa mais difícil do que inicialmente supõe.
Sem Fim à Vista - A Viagem
Uma viagem épica.
Um caso clinico invulgar.
Uma corrida contra o tempo.
Sem fim à Vista – a viagem, é uma leitura que nos liga à força da natureza e acorda a alegria de viver.
Vítor têm uma séria doença cardíaca. Já submetido a um transplante decide, contra todas as indicações médicas, fazer uma viagem sem fim à vista.
“O Oriente e a Oceânia tropeçavam um no outro, e queria acabar com isso, queria distingui-los. Fez uma pequena mala e não teve coragem de se despedir de ninguém.” *
Empresário de sucesso, responsável por fazer vingar um negócio de família, passou a vida a trabalhar. "Estive drogado com a minha vida." *
Sempre limitado pela doença, viaja sozinho até à Nova Zelândia para assistir à final do mundial de rugby. A sua condição física debilitada permite-lhe apreciar cada lugar, cada pessoa que conhece, cada momento nesta viagem é uma vitória.
"O vento chega e modifica, não deixa a praia igual. Assim são as viagens."
É também um livro que mergulha no existencialismo da errância.
"As montanhas foram a maior criação de Deus, não foi a mulher, muito menos o homem. No dia em que as criou estava inspirado. Deus pôs todo o seu esforço nas montanhas e depois o Homem foi só para criar alguém que as pudesse apreciar. Deus só criou os homens para contemplarem as montanhas. E o mar? O mar é outra história. O mar serve para separar e ligar. O mar é veículo. As montanhas são imóveis, intransponíveis. Um monumento. Tal como o mar, são inclementes, mas o mar limpa o homem, as montanhas levantam-no." *
* In Sem Fim à Vista
A Infanta Rebelde
Um extraordinário testemunho de humanismo e coragem.
5ª edição.
Mais de 10 000 exemplares
Neta de D. Miguel I e última filha de D. Miguel II, Maria Adelaide de Bragança, Infanta de Portugal, nasceu em Janeiro de 1912.
Desde muito cedo, foi testemunha de um mundo em transformação. Assistiu à queda de impérios, viveu por dentro duas guerras mundiais e participou activamente na resistência contra os nazis. Por duas vezes esteve presa e em ambas foi condenada à morte. A intervenção directa de Salazar numa delas e um desenlace surpreendente noutra permitiram que continuasse a sua luta.
Ao chegar a Portugal, já casada, com o seu estilo sincero, directo e inconformado, continuou a defender as ideias em que acreditava, no auxílio aos mais desfavorecidos, desagradando a uma sociedade que considerava a sua actuação pouco adequada a uma pessoa da sua condição. A Infanta Rebelde mostra-nos a vida de uma figura absolutamente ímpar na História Contemporânea de Portugal, mas, acima de tudo, o retrato de uma mulher que teve a coragem de ultrapassar todos os obstáculos e lutar pelo ideal que dava sentido à sua vida tornar a sociedade, tal como a sua natureza, mais justa e benévola.
Manuel Vicente
– A Desmontagem do Desconhecido (2017)
Raquel Ochoa travou conhecimento com Manuel Vicente com o intuito de escrever um ensaio biográfico, interessada no seu pensamento filosófico e ciente que o seu percurso de vida ligava com assinalável originalidade intelectual a arquitectura e as viagens.
“Manuel Vicente era alguém que acreditava na conversa como forma suprema de contacto e evolução. À semelhança das ágoras gregas, um debate é um contrato. Um debate é um prazer.”
“Se divertir-se era pensar, inventar era como se divertia mais. O encantamento mantinha-o ocupado por horas, horas que outra criança se entreteria a descobrir um jogo, a descobrir os seus limites em correrias, em lutas, em explorações físicas. Aprendeu a voar com a imaginação no seu mundo real como qualquer criança faz num mundo inventado. Espantar-se, percebeu-o desde cedo, correspondia a um poderoso motor, o motor que as pernas não lhe concediam.”
In Manuel Vicente, a desmontagem do desconhecido
“O peso da presença de Manuel Vicente nas arquitecturas portuguesa e macaense desde o arranque dos anos sessenta do século passado é inestimável. Vicente ensinou-nos o caminho da liberdade, da tolerância, do conhecimento, da inteligência, dos afectos. Propôs-nos uma visão culta e humanista do mundo da arquitectura.”
Ana Vaz Milheiro
BANA – Uma Vida a Cantar Cabo Verde
A diáspora tem muitas figuras brilhantes, todavia "Bana só há um!", como se escuta em Cabo Verde. É sem dúvida um dos mais exactos diapositivos da autenticidade crioula.
Esta é uma biografia de uma das figuras mais relevantes da lusofonia que contempla também a extraordinária história de Cabo Verde e dos cabo-verdianos.
Uma viagem pela morna, coladeira bem como outros géneros musicais de Cabo Verde e de como eles foram sendo divulgados pelo mundo, uma vez que Bana fez parte desse pequeno e importante grupo pioneiro.
Com prefácio do Dr. Mário Soares.
O Vento dos Outros
Um apaixonante relato de viagem pela América do Sul. A cada passo, a vida inteira.
“Ochoa, viajante e escritora que mergulha para encontrar os “ventos dos outros”, num estilo literário e subjectivo, revela as paisagens sul-americanas ao mesmo tempo que vai revelando os seus encontros e aventuras pessoais de forma detalhada com pessoas reais, numa exploração dos sentidos e emoções.
A posição crítica que adopta, a propósito do contexto social dos povos latino-americanos, confere a Ochoa um lugar no jornalismo literário português.
Procurando fundir-se com as gentes e locais, Ochoa segue pelos mais remotos, duros, desertos caminhos, sem turistas, enfrentando viagens desconfortáveis, numa experiência de eremita.
Ochoa faz uma viagem intelectual ao fundo de si, escreve: “os meus próprios pensamentos seguiram viagem, sem supervisão.” Esta é a viagem de identidade e auto-descoberta: “Naquele momento, percebi finalmente o ónus espiritual do vento dos outros”.
O amor é descrito de forma romântica e feminina “aqueles momentos em que os seres humanos esquecem todos os constrangimentos, esvaziando-se de todos os sentimentos e, por segundos, entrando na intensidade do outro, que já é a nossa” (...) “numa noite que ardíamos com tanta paixão que adormecemos nos sonhos um do outro”.
Para situar Ochoa no jornalismo literário português, devemos recuar ao fim do séc. XIX, quando Eça de Queirós e Ramalho Ortigão quiseram quebrar o jornalismo convencional (...) os seus escritos mantiveram um diálogo íntimo com o leitor.”
Raquel Baltazar
Rita Amorim
Universidade de Lisboa, ISCSP, Centro de Administração e Políticas Públicas
Publicado em Literary Journalism Studies, Vol. 12, No. 1, August 2020
Pés na Terra
Viagem é a melhor forma de compreender quem somos.
Diz-nos a autora deste livro: «Com ou sem mapas, o mundo é um lugar esplêndido onde o observador é tão importante como o observado. E existem lugares (e pessoas) monótonos, poeirentos, íngremes e até extremamente assustadores; mas enfrentar a natureza tal como ela é faz de nós mulheres e homens maiores, até porque em qualquer beco escuro há sempre vida para uma candeia.»
Quando lemos relatos de viagens, transformamo-nos nós próprios em viajantes. E isso não deixará de acontecer com a leitura deste notável Pés na Terra, da premiada escritora Raquel Ochoa, que reúne memórias de viagens aos cinco continentes, fazendo-nos olhar para o mundo contemporâneo como algo incrivelmente belo, mas também cheio de desigualdades e contradições.
As suas experiências (sobretudo como mulher viajando sozinha e enfrentando o risco e o preconceito), as peripécias inesperadas, as provações e o desconforto a par da superação, do deslumbramento e da pacificação - e ainda o relato apaixonado de alguns encontros especiais ao longo da jornada - são o guia ideal para quem queira sair do seu umbigo para o umbigo do mundo, de mochila às costas ou sentado no sofá.
Empenhada em captar a poesia das paisagens, Raquel Ochoa capta também o contraste entre os seres humanos. Há neste livro as suas aventuras, que o leitor lê como se fossem suas — peripécias rocambolescas, infindáveis comédias nascidas do choque de culturas, romances tórridos em cenários tropicais...
Esta é uma obra para despertar (ou despertar novamente) a vontade de explorar o mundo, inclusivamente se for mulher e partir sozinha.